In Illo Tempore II


Porque recordar é viver, aqui fica a segunda história da nossa cidade. Mais uma vez, contada pelo meu avô, João Ferreira da Silva. São histórias que fazem parte de nós, da nossa cidade, são nosso património. Espero que gostem!

Partilhem as vossas histórias também, podem enviar através de e-mail (atcovilha@gmail.com), mensagem privada na página de facebook ou através do formulário de contacto na página inicial deste blogue. 

«Até há uns 20 e tal anos havia homens que, aos sábados, traziam cabritos para vender, porta a porta. Eles deixavam os cabritos vivos e depois de os venderem todos, matavam-nos e esfolavam-nos. Um desses homens precisava de ir ao Dr. Veloso, o advogado mais conhecido dos poucos que então havia na Covilhã, pedir um conselho. Na esperança de conseguir a consulta à borla, foi primeiro a casa do advogado e entregou um cabrito. – Quanto é? perguntou a esposa. – Eu faço contas com o Senhor Doutor respondeu o homem.
E lá foi ao consultório do causídico. Antes de pedir a opinião do advogado apressou-se a dizer: Passei pela casa de Vossa Excelência e deixei lá um cabritinho muito bom. Ao fim da consulta, como o Dr. Veloso lhe cobrou dinheiro o homem voltou a casa dele e disse para a esposa: – Minha senhora, venho buscar o cabrito porque o Senhor Doutor achou muito caro e recuperou o animal.
À tardinha, o Dr. Veloso voltou para casa e perguntou à esposa:
Então, ofereceram-nos um cabrito? – O homem veio buscá-lo e disse que tu achaste caro. E diz o Dr. Veloso: – Vê tu que eu levei metade do dinheiro ao homem por ter dado o cabrito e afinal quem foi levado fui eu. Recebi menos e fiquei sem o cabrito!»

Comentários